segunda-feira, 2 de julho de 2012

O DESENLACE

Desapareceu do tumultuar do mundo, deixando aceso o clarão bemdito dum facho de saudade, dum facho alimentado pela pureza duma alma sem mácula, dum facho que jamais se apagará da recordação de todos os bons portugueses, o Senhor Dom Manuel de Bragança. Encarnação suprema de amor à Pátria, nobreza na aspiração de conservar sempre purificado esse amor que completava os seus dotes de homem de bem, de homem de talento e de homem de coração, acarinhando um límpido afecto pela terra que o viu nascer, os seus olhos não enganavam, não iludiam ninguém.
Por essas janelas rasgadas sobre a alegria da vida, entrava a jorros o sol de todas as dedicações, sol que encontrava no lar amigo dum peito bondosos, uma franca e fidalga hospitalidade.
Nele só germinavam, em florescências de bondade e de ternura, um grande Amor, um Amor infinito pela sua querida Pátria, pelos seus compatriotas, quer pelos humildes, quer pelos grandes. E é por essas qualidades próprias dum português de lei, que neste momento todos o choram, incluindo aqueles que em vida tanto o apedrejaram com motejos. E é por essas qualidades que o invocam, qualidades próprias dum português, mas dum português de sangue nobre, dum português que soube glorificar as páginas breves da história da sua vida.
Não quis o destino que o Monarca aborrecesse o leito, até que a sombra trágica da morte o envolvesse completamente. (...)
Do livro "O Rei Saudade"

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